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quinta-feira, 8 de agosto de 2013



Aos marxistas e anarquistas: sobre a necessidade de agir acima das questiúnculas

__ Com ênfase à relação entre PSTU e Anarquistas alagoanos nos últimos anos

O presente costuma ser esse acúmulo de tantas coisas num vazio aparentemente incompreensível. Os historiadores parecem já ter percebido isso desde que os dentes caíram da boca das galinhas. Em minha primeira aula de História geral na quinta série primária lá no ano de 1989, a professora Verônica, acho que o nome era esse, disse a turma, sem ninguém perguntar e talvez por isso eu lembre, que a História é o estudo passado para melhor compreendermos o presente. Claro que entendi apenas quase alguma coisa do que aquela mulher loira dos lábios rosados estava falando. O tempo foi passando e à medida que meu conhecimento da História foi se consolidando, eu fui entendendo o que aquela gaúcha, radicada em Maceió com sotaque bonito, estava me falando. O passado não é mesmo elemento que se negligencie. E isso é perfeitamente aplicável à relação atual entre o PSTU, meu partido de coração e mente, e o anarquismo pelo qual tive uma passagem de quatro ou cinco anos e onde aprendi bastante.  O anarquismo foi minha primeira escola de formação, e o marxismo foi aquela que se entranhou em mim tanto quanto eu nela.
         Anarquistas e Marxistas, apesar das divergências internas, não deixaram de perceber as convergências externas existentes. Isso é algo que sempre é necessário ser retomado toda vez que nos perdemos no rio raso das questiúnculas e corremos o risco de adormecer e naufragar no mar profundo das grandes questões. As pequenas questões diante das quais divergimos não devem eclipsar aquilo que é central tanto para os marxistas do PSTU quando para os Anarquistas: a superação do modo de produção capitalista. Esse ponto convergente entre nós, tão importante e, conseqüentemente, com todos os seus desdobramentos em questões de menor peso, é que me faz chamar a atenção de todos nós, incluindo a minha própria que sou tão falho, às vezes, e fico escrevendo besteiras, da necessidade de relembrar, para quem acredito não ter esquecido, que nossa luta não é contra nós mesmos. Reiterando, esse não é o momento para anteciparmos uma discussão reservada ao futuro. O devir não deve ser a base dos problemas presentes, por simplesmente não ter acontecido ainda. É fantasmagórico agir assim. E aqui eu trago de volta, na humildade, a lição daquela minha professora de História da quinta séria com toda beleza inesquecível daquele par de olhos azuis: a História é o estudo passado para melhor compreendermos o presente.
         E, observando especificamente a relação entre o PSTU e os Anarquistas aqui em Alagoas nos últimos anos, circunscrevendo essa relação ao espaço universitário, eu lembro que nossa relação era bastante lúcida no início dos anos dois mil; tínhamos nossas divergências e até discutíamos elas, em alguns momentos até passionais e venéreos, mas esse rio era raso perante o mar aberto do confronto secular instaurado contra o modo de produção capitalista, contra o qual, nós apontávamos, juntos, o socialismo como alternativa. Essa relação funcionou saudavelmente, compusemos e construímos tantos e inumeráveis momentos e espaços: disputamos DCE, CA, organizamos festivais, manifestações, semanas de curso, etc. etc. etc. etc. etc. etc.
         Alguns companheiros anarquistas freqüentavam as atividades do PSTU e visse versa. Discutimos na mesma roda muitas vezes, resguardando sempre as necessárias divergências. Como esquecer o CAZP (Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares) e seus membros: Bruno Fontan, Márcio, o Falcon, e tantos outros? Como esquecer a Comuna Estudantil? Como esquecer a luta contra a ALCA, e etc. Essa relação saudável, essa conjunção de forças onde as diferenças eram problemas bem tratados à medida do possível, provoca em mim um fluxo de recordações tão intensos que chego a namorar com a nostalgia. O que perdemos? E se perdemos é para sempre? Fechou-se de vez o diálogo para nosso próprio prejuízo, foi isso? Pois hoje percebo o acirramento de disputas desnecessárias, quinquilharias, um rio raso adormecendo o mar de nossas lutas. Erro tático? Possivelmente mais que isso: uma aberração tática. Não é o momento para isso. Doloroso é esquecer nosso passado. Eu prefiro até lembrar o jeito de caminhar da minha ex-professora para que isso me suavize.
         O caminho para as possibilidades de sempre ainda está ai. Só precisamos recobrar o caminho para o diálogo propositivo centrando nosso foco contra o que realmente nos desagrada, que sabemos o que é e nem vou recitar. O nosso passado mostra a necessidade do presente, deixemos para o futuro as questões a serem tratadas lá. É necessário agir acima das questiúnculas, e, para isso, é melhor seguirmos o ensino da minha professora, que me fez apaixonar, não apenas pelas curvas do corpo dela, mas também, pela História.  

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