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terça-feira, 13 de agosto de 2013



Por Melquezedeque Farias Rosa



A virada da década e a década da vitória...
(À nossa juventude, para celebrar meu retorno)



         Certa vez eu estava correndo livre pelas serras dos meus pensamentos. Mil coisas passavam diante daquelas aparentemente irrecuperáveis. Olhava a paisagem em volta e todo cenário era triste, era a tristeza de um mundo sem coração; e o que havia como última representação de esperança estava desmoronando no leste. Por aqui os trombeteiros burgueses do apocalipse anunciavam o fim da História: “O capitalismo venceu, soterrou a utopia socialista”__ gritavam eles na crista de suas vaidades. Muita gente de valor esmoreceu e desasteou suas bandeiras, baixou seus olhos, calou sua voz. O sentimento era de túnel sem luz.
         Se anteriormente havíamos vivido a década perdida, agora vivíamos a perda da própria década. O vazio causado pelo suposto fracasso do socialismo assanhou a burguesia que se avassalou ainda mais sobre os direitos e conquistas sociais adquiridos; e aprofundou um ininterrupto processo de privatizações que duraria sem prazo. Para tornar tudo ainda mais tenebroso, os maiores instrumentos de luta que tínhamos capitularam, passaram um a um a se ajoelhar e a rezar com a cartilha dos exploradores nas mãos: PT, CUT, MST, UNE, etc. Traidores.
         Da poeira dos desabamentos surgem diversas tentativas de explicação, cada uma mais mirabolante que a outra. “Estamos diante do mundo pós-moderno”, diziam esses novos profetas do vazio. E logo uma corredeira irracionalista ganhou fôlego, virou moda e moeda, e não faltou que quisesse usar a etiqueta do momento. Surgem as misturas mais absurdas de pensamento: de canibais horticultores a vegetarianos açougueiros; tudo poderia ser aceitavelmente combinado; a explicação disso era atribuída à perda da identidade do indivíduo num mundo em que todos os valores se desfizeram. Que imaginação red-bull!
         Tudo também passou a ser renomeado e ressignificado, mesmo que o sentido, subjacentemente, não mudasse: o indivíduo alienado passou a ser chamado de sujeito fragmentado, a cultura se tornou líquida, a narrativa entrou em crise, a realidade morreu enforcada na corda das verdades impossíveis, e as cores apenas um efeito da luz do sol sobre a matéria captado pela retina dos olhos. “O ponto de vista determina o objeto”, gritam ainda os etiquetados pelo neomodismo; ou ainda com mais sofisticação: “a realidade é uma mera projeção do intelecto humano”. E assim surgiu toda uma formação discursiva, toda uma fraseologia cheia de cascas cujo interior __ para quem tem paciência, coragem e disposição honesta para cavoucar__ era oco. Tudo não passava do irracionalismo ideológico burguês da virada do século XIX recomposto em muitas faces com o propósito de cegar, de ludibriar, de desencaminhar, de destruir.
         Entretanto, assim como a comédia parodiada pode ser farsa, a farsa parafraseada pode ser a maior das comédias.  A resposta poderia vir, e veio pela resistência daqueles que não baixaram a cabeça, que não abriram seus punhos, que não se acomodaram em frente à TV. Esses criaram novas alternativas: os expurgados da traição petista formam seus partidos, dentre eles o PSTU, os insatisfeitos pelas centrais pelegas formam uma base de resistência, alguns movimentos pela terra não rasgaram suas bandeiras, os estudantes não representados pela UNE constituíram a ANEL, e todos eles juntos fundam a CSP-Conlutas__ um grande exemplo de Central Sindical, agregando muitos outros grupos de resistência.
         Agora estamos voltando a ser fortes e confiantes. O otimismo voltou a movimentar nossas cabeças, acompanhado da indignada alegria dos jovens. Se a virada da década foi gelada, estamos agora no calor da década da virada. As ferramentas temos novamente. Quem achou que enterrou o socialismo, fique certo de que velou por mais de uma década um caixão vazio; quem compôs ideias com as etiquetas pós-modernas, fique certo de que a hipocrisia e a demagogia delas estão cada vez mais desmascaradas; quem se acha lindo e fofo ser fragmentado, fique certo de que já é hora de juntar seus cacos e vir se completar na História que estamos reescrevendo.
         Dessa maneira, eu estou correndo livre pelas serras dos meus pensamentos mais uma vez, e apenas uma coisa parece dominar meu coração e mente: eu não arredo mais. Afinal, o alento para a tristeza de um mundo sem coração está na possibilidade da reconstrução desse mesmo mundo.

         Avante todos aqueles dispostos a lutar pela alternativa socialista!

         Saudações aos nossos jovens combatentes!



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