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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pobres Diabos

Por Melquezedeque Farias Rosa

Pobres diabos
(série: contos tristes)


            Raimundo e Severino, irmãos gêmeos, que mesmo por acidente tendo nascido no dia de Cosme e Damião não lhes herdaram os nomes, nasceram apressados, dois antes dos nove, quando sua mãe tombou do cabo da enxada no aceiro da mata já no final da jornada. Morreu de parto a coitada!
            Raimundo e Severino, precoces, começaram na labuta aos quatro anos de indigência e aos 18 tinham a aparência de 30 e o corpo de 12. Via-se neles 14 anos de quase-vida: rosto ressequido, pele rugosa, mãos espancadas e calejadas, unhas grossas que nem de tatu peba, orelhas abanadas, beiços sulcados, olhos fundos no fundo, braços e pernas latanhados, fronte curvada e dobrada, além de um andar corcundante e duas saboneteiras fixadas em suas clavículas.
            Um dia, em uma de suas idas domingueiras à feira livre de Murici, Severino foi comprar tibiro, pissirica e outros suprimentos rotineiros; enquanto Raimundo foi tomar uma pinga no boteco da linha do trem, lá bebeu, fumou, pigarreou, apalpou nos peitos de umas quengas, arrumou uma briga e.........por sorte.........morreu.........esfaqueado, mas não antes de proferir suas últimas palavras:

__ Pobre do Severino! Pobre do Severino!

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